Clara, suas viagens e seus casos

As aulas de planejamento e execução de tarefas da faculdade de Administração de Empresas sempre foram úteis para as amigas Clara e Regina, principalmente quando o assunto era viajar, isso porque a dupla tinha que traçar e fundamentar bem suas metas de como curtir a vida sem deixar de lado nenhuma oportunidade, principalmente se o sexo masculino fosse o tema em questão.

Num setembro de Cabo Frio (RJ), Clara conheceu o turista mais lindo daquela cidade. Era ele, Mauro, o dentista. Sua lista de conhecimentos aumentou quando a bela se deparou com Maurício, o engenheiro, e Marcos, jovem estudante. O guia turístico que levava a turma para curtir a noite badalada daquele lugar paradisíaco também esbarrou na vida de Clara, que não resistiu aos encantos daquele pobre moço recém-casado, que estava a trabalho. Por fim, um delicioso sotaque que chegava aos ouvidos da moça como uma impressionante orquestra sinfônica internacional. Era o argentino Estevan.

Papel e caneta na mão, a dupla de estudantes dedicadas projetava os planos de ação da viagem, que estava apenas começando.

Tudo certo: o primeiro encontro seria com o jovem estudante, ainda na praia, no fim do dia. Maurício, que Clara conheceu na noite anterior durante um show, fazia parte do plano dois, que era o de apenas marcar território e agendar um próximo encontro no dia seguinte, já que Clara iria conhecer naquele momento os pontos históricos, algo que ele mostrou-se desinteressado. Hora do jantar, agenda programada com o dentista. Clara passaria cerca de uma hora com Mauro até “passar mal” e a amiga ter que levar a pobre moça de volta ao hotel. Já no hotel, o argentino a esperava, cheio de charme e elegância, digno de um latino americano. Clara era uma mulher fácil, apenas se apaixonou simultaneamente pelos rapazes e tinha que resolver essa questão para ver quem levaria mais a sério.

O primeiro a ser descartado foi o guia, logo que ela descobriu que era casado. Mesmo assim, já que estava por lá resolveu ir mais a fundo na relação, mas por motivos de força maior (náusea do rapaz, talvez consciência pesada) nada aconteceu.

Maurício estava hospedado no mesmo hotel que o jovem estudante. Clara então só tinha que driblar os dois para que não vissem sua presença em momentos impróprios. Para evitar constrangimentos, preferiu deixar para estender o papo com os dois depois da viagem, já que ambos moravam na mesma cidade que ela.

Na realidade, Clara estava encantada mesmo pela voz castelhana. Sua atenção se voltava completamente ao argentino. Por coincidência, ela já estava de malas prontas para ir ao território portenho (viagem que já estava marcada muito antes dela conhecer o rapaz).

Assim que colocou os pés no país vizinho, ligou para o rapaz, mas ele não parecia muito interessado. Mesmo assim, se encontrou com Clara. Saíram algumas vezes até que um dia, depois de momentos de muita paixão ardente, o rapaz disse que precisava ir embora porque havia se lembrado de que teria se esquecido de tomar um tal remédio, e nunca mais voltou.

De volta à terra natal, Clara tentou contato com seus outros conhecidos. Sem querer, se encontrou com o guia na fila de um banco, mas se fingiram de desconhecidos, já que ele estava com a esposa ao lado. Maurício talvez tenha sido o grande desperdício de Clara. Eles se viram algumas vezes, mas ela deixou o cara sumir, sem dar sinal de vida. O jovem estudante, ela já nem mais lembrava seu nome. Já o dentista, até tentou ser simpático e interessante, mas a euforia não subiu a serra.

Clara aprendeu uma lição e nunca mais quis tomar sopa, comer farofa, assobiar e chupar cana ao mesmo tempo. Trocou de faculdade, pois viu que de planejamento e logística não entendia nada. No ano seguinte, programou mais uma viagem, dessa vez sem planos infalíveis e longe da expectativa de conhecer alguém, dançar, se divertir entre outras coisas que almejava a cada mala pronta. Assim que chegou à cidade escolhida conheceu Rubens, mas na mesma tarde se apaixonou perdidamente pelos olhos verdes de Murilo. O dono da pousada também hipnotizou a jovem…

Uma opinião sobre “Clara, suas viagens e seus casos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *