Ela descobriu tudo – prefiro a prisão a voltar pra casa

Ernesto tinha dois filhos pequenos, um de cada mãe, cada um morava em uma cidade distante. Ele nunca se preocupou muito em pagar a pensão alimentícia de suas proles, também, com os oito gatinhos que tinha que bancar da atual, não sobrava nem para o pastel de sexta-feira que ele adorava comer. Ai dele se não comprasse a ração indicada pelo veterinário dos bichotes, a mulher virava uma fera.

Mas, enfim, certo dia, uma das ex se irritou um pouquinho com o descaso do descasado e resolveu ir atrás dos seus direitos, ou melhor, da tal pensão do filhote. Embora o valor fosse irrisório, não chegando ao equivalente do alimento dos felinos + seus banhos no pet, a somatória foi recheada, já que totalizou quase dois anos e meio de deleixo.

Num belo dia, o Gurgel de Ernesto foi avistado por policiais. Documentos do carro em dia, quase estava liberado pelos servidores da PM, até se esbarrarem com uma inconsistência no documento do rapaz. Seu CPF já constava na lista dos procurados. Pois é, pensão alimentícia é um dos poucos casos que realmente o cara pega cana. E logo foi Ernesto para a delegacia, rumo ao xilindró.

Nessas horas não tem jeito, por mais cara de pau que seja o cara, a família sempre dá um jeitinho e arruma um “dotô” para fazer sua defesa – foi o que ocorreu. Dos quase cinco mil reais de dívida com o filho financeiramente abandonado, soma-se mais três da ida da “dotora adévogada” para livrar o cara da masmorra – ou seja, do dia pra noite o moçoilo ganhou uma boa conta.

Mas vamos lá: na hora em que o meliante foi levado, deixou seus pertences no trabalho, já que o carro estava parado em frente ao estabelecimento. No fim da tarde, sua atual foi buscar as coisas, que incluía seu celular des-blo-que-a-do.

Quando o detento descobriu quem tinha ido buscar seu aparelho quase que teve um in-far-to e já estava achando que o xadrez era o melhor lugar para passar os próximos dias, meses, anos…

Vamos lá, parte 2: logo que a esposa pegou o aparelho, um sinalzinho de mensagem não parava de tocar. Curiosa, foi ver do que se tratava. A partir daí não parou mais de fuçar o telefone do até então marido. Em menos de três horas descobriu que o cara tinha no mínimo seis amantes. Falou com todas, primeiro se passando por ele e depois contou para as lindezas que o cara não valia sequer aquele pastelzinho de queijo que tanto amava. Depois, cansou de ver tanta bizarrice e partiu para a ação. Juntou todas as roupas, sapatos e cacarecos do bonitão e jogou tudinho na calçada. Num momento pensou atear fogo em tudo, mas como boa pessoa que é colocou tudo na frente de casa com uma plaquinha: doação, pode levar o que quiser. Não sobrou nada, nadinha.

Enquanto isso, a advogada tratava de cuidar da soltura do rapaz, até que conseguiu. O cara já estava de banho tomado, uniformizado e decidindo com os outros “amigos” de cela quem iria dormir com quem, até que saiu a sua liberação. Nunca uma cena dessas foi vista na cadeia. O cara colocou a mão na cabeça e disse: tenho que ir mesmo, chefia? O senhor não sabe o que me espera.

Mas ele sabia muito bem. Logo que chegou na porta de casa, percebeu que as fechaduras estavam trocadas e viu um papel pendurado com uma marca do batom cor-de-rosa que a esposa usava para ocasiões especiais. O papel era uma notificação judicial. Lembra daquele segundo filho que nunca recebeu um centavinho do pai? A mãe resolveu cobrar…

 

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