O mágico de óh e o cara do elevador

Emily nunca sonhou se casar, tampouco usar os tradicionais vestidos brancos, grinaldas, buquê, enfim, sempre foi totalmente avessa a esse tipo de celebração e dizia que só subiria algum dia no altar com alguém se esse fosse muito rico. E olha que ela teve vários namorados com recheadas contas bancárias, desde o playboy metido que não fazia nada da vida, o médico que só pensava na expansão da sua carreira, o auditor fiscal, de apartamento  e carro luxuoso incompatíveis ao seu já alto salário… mas nessa listinha grande tinha também o músico sonhador , o vendedor de livros e outros tantos. Sua paixão, porém, foi mesmo por Andrey, o mágico pé rapado.

Foram dois anos de namoro, até que resolveram juntar as magias da paixão sob o mesmo teto. Emily tinha suas manias, e Henry suas chatices cotidianas. Ela queria morrer toda vez que abria o guarda-roupa e se deparava com o coelhinho branco, objeto de trabalho do amado, e ele, obcecado por limpeza, enlouquecia sempre que encontrava um copo sujo na pia. Com essas desavenças, vinham as discussões e, nesse quesito, Andrey era especialista – suas atitudes machistas exageradamente insuportáveis já não cabiam mais no paciência de Emily.

Ela exercia sua dupla jornada de trabalhar compulsivamente na atividade de professora dedicada, além de cuidar da casa, mas a bela era muito mais profissional do que recatada e do lar.

Ai dela se Andrey chegasse e encontrasse uma xicrinha de café fora do lugar. Daí vinham os insultos do mágico grosseiro, até que um dia a moça resolveu dar um chega pra lá no rapaz. Cansada de um longo dia de muito trabalho, chegou em casa e o belo dormindo, só esperando a amada chegar para preparar seu jantar.

Mal entrou e o rapaz logo disse: sua negligente, cadê a compra do mercado? Não trouxe nada? E voltou a cochilar. Emily respirou, contou até cem, pegou todas as louças limpas que restavam no armário, lambuzou tudo com dois pacotes de molho de tomate , virou a lata de lixo no chão, fez sua mala e deixou um recado.

Acho que você vai precisar fazer uma boa mágica aqui, quem sabe consegue tirar da cartola outra escrava porque essa aqui já era. Adeus, seu cretino.

Quando no elevador com três malas cheias, um belo rapaz prontificou-se a ajudar. Essa foi a melhor mágica que aconteceu na sua vida. Além de gentleman, educado e lindo, Leoni era expert na magia do amor.

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