Amor de carrapato

Ah, o amor! Esse sentimento tão sublime, capaz de nos fazer flutuar nas nuvens e suspirar como adolescentes apaixonados. Opa, desce desse pedestal fantasioso e volta pro mundo real, que ainda dá tempo.

Calma, não estou falando que não se deva amar alguém e ser feliz, mas sempre é bom pensar nas intempéries amorosas, se precaver com alguma espécie de vacina, tomar uma canja de galinha, que não faz mal a ninguém.

E por falar na tal madame penosa, que vive rodeada de carrapatos que não a deixam em paz, uma relação também pode nos afetar dessa forma.  Sim, esse sentimento nobre, que fervilha o estômago de borboletas coloridas, pode caminhar na contramão e causar um caos geral se não administrado certinho.

Essa metáfora pitoresca ganha vida quando o seu bem se torna uma espécie de parasita afetivo, pronto para sugar todo o seu tempo, atenção e energia. Epa, não se vanglorie aqui se achando o exemplo de cidadão do bem, até porque esse tal elemento sugador pode ser você, já parou pra pensar nisso?

Tudo começa de maneira inocente. Os pombos se conhecem e o céu cinzento vira cor-de-rosa. Ah, que lindo.

Vamos para a página dois desse planeta encantado, pulando para o cenário não tão perfeito assim. Sem perceber, a pessoa passa a ser sugada ou a sugar, feito aspirador. Sim, o carrapicho começa a mostrar suas garras. Passa mensagens a cada cinco minutos, pede a localização pelo celular, sinal de fumaça ou qualquer forma de saber onde o ser está, fuça as redes sociais, pergunta quem é fulanes, sicranes e beltranes. Enche o saco. Sei que também tem o caso de a outra pessoa nunca atender, viver com o telefone mudo etc., o que também desperta qualquer mente contaminada. Custa atender? Verdade, não custa, mas o foco aqui é no parasita.

E agora, Maria, e agora, José, o que fazer? Se fosse um problema ligado à espécie científica, a orientação seria arrancá-la com cuidado com uma pinça para não ficar nenhum resquício na pele, mas literalmente falando, essa praga não sai tão fácil assim. O negócio é tentar uma reza braba, um papo reto e, se não rolar, desinfetar a alma e pôr pra secar no varal.

Mas como cada caso é único, e o amor pode nos surpreender de formas inesperadas, quem sabe um pouco de diálogo, compreensão e carinho podem surgir como um repelente eficaz? E se mesmo após todas as tentativas o bichinho persistir, aí não haverá amor que resista. Pula fora que o “praguento” não vai o “desagrudar” tão fácil.

(Imagem: Freepik)

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