A superlua azul e as borboletas no estômago

Era por volta das seis da tarde quando olhei para o céu como quem nada queria quando ela parecia abduzir minha alma naquele alaranjado de tom encantador.

Não me contive e tive que falar para todo mundo. Só eu não sabia que ela já era o assunto do dia e que o grande trunfo estava por vir.

“Não esquece de ver a Superlua azul às 22h35”, dizia minha mãe e as várias mensagens em todos os grupos de celular. Pois bem, fui lá eu olhar para cima às dez e trinta e cinco do relógio. Preferi a imagem da tardinha quando me surpreendi com tamanha formosura arredondada.

Meu desdém ao fenômeno, que de azulado nada tinha, me fez lembrar de uma moça, de romantismo exacerbado, triste, em plena noite de núpcias, com a falta de empatia do noivo. Ela o chamou para ver a lua, linda, mas o rapaz nem se mexeu e assim fazia a cada feito lunar. Ela nunca se esqueceu desse dia…

O casal festejava mais uma boda e lá estava ela, linda e redonda, sob o deslumbre solitário da mulher sonhadora.

Chamou, em vão, o amado, e resolveu ir até a rua apreciar a lua cheia, fazendo dessa vez um pedido a ela. “Quero borboletas voando no meu estômago”.

Mal terminou de proferir seu desejo, esbarrou em um rapaz, tão distraído quanto ela, que também apreciava a beleza celestial.

Desse dia em diante nunca mais a moça viu a lua sozinha.

 (Crônica de Claudia Rato, autora do livro de contos Pra mim você morreu/ Imagem: Freepik)

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