Cleptonilda era casada com Gilvandêncio, um casamento perfeito, típico de causar inveja às amigas e vizinhas. Estava muito longe de um dia pensar em se tornar uma mulher vingativa – não havia motivos para isso.
Mas como a perfeição mora no mundo das ideias, uma traição do marido veio à tona e o castelo da moça ruiu.
Sabida de seus direitos de mulher casada, tratou de colher todas as provas da traição e contratou um advogado.
O que Clepto não esperava era mais uma rasteira amorosa. O marido era tão sedutor, mas tão sedutor, que acabou seduzindo o advogado que, na audiência do divórcio, virou a casaca e ficou do lado do cara e a mulher não recebeu sequer um centavinho do pouco que havia construído com o canalha em dez anos de matrimônio, suor e muito esforço.
Cego de paixão, o advogado, que era riquíssimo, se casou com Gil em regime de comunhão total de bens, afinal, o amor estava em primeiro lugar.
Para se vingar de ambos, a ex, abalada com a dupla traição, procurou uma mulher para seduzir Gilvandêncio, até que ele foi pego no flagra pelo então marido doutor.
O advogado se separou, mas perdeu metade dos seus bens.
Com os mesmos dotes sedutores de uma década atrás, Clepto conseguiu reconquistar o ex, que voltou perdidamente apaixonado para os seus braços.
Para aceitar se casar novamente com o rapaz, algumas condições foram impostas pela mulher, todas aceitas por Gil. A mansão e os carros ficariam apenas no nome da esposa e todas as contas bancárias seriam abertas em conjunto. O moço aceitou tudo, afinal, ele conhecia muito bem Cleptonilda e sabia que ela jamais faria algo que o prejudicasse.
Uma semana após o enlace, lá estava Gil, posto para fora do seu lar, doce lar, apenas com a roupa do corpo e com as contas bancárias rapadas pela mulher vingativa, que se tornou a mais nova rica, livre, leve e solta bela do pedaço.
(Imagem ilustrativa: Freepik)
Conto escrito pela jornalista Claudia Rato, autora do livro Pra mim você morreu. Leia outros contos com histórias inusitadas de amor.
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