Enquanto meu celular desligou…

Desconectar para se conectar com o que realmente importa

Acabou a bateria do meu celular bem na hora em que eu ia tomar um solzinho na frente de casa.

E agora, o que o que eu faço? Restou-me um livro, fazer o quê? Lá fui eu, pegar alguma coisa na estante e voltar pro sol.

O segurança passou de moto e me cumprimentou. A vizinha me trouxe um pedaço de bolo de fubá com recheio de goiaba, o companheiro se achegou, o filho também se adentrou pro lado de fora, uma senhorinha de pouco mais de oitenta que passava na rua e não sei quem é jogou-me um beijo, o cachorro se aproximou e lá ficou, em meus pés, vendo o mundo passar. De longe, ouvia-se um som de música agradável, parecia um chorinho e, de perto, as maritacas davam sinal de vida.

A leitura acabou. Dois capítulos, o suficiente para recarregar a energia com a vitamina D, mesmo tempo enquanto carregava meu telefone. Cem por cento abastecidos, corpo, alma e aparelho.

Nesse ínterim, o banco havia ligado oferecendo pacote de serviços, a seguradora alertou que o seguro vencerá no próximo mês, a cliente pediu um texto fora do escopo e “pra ontem”, o dentista desmarcou a consulta do dia seguinte, o grupo do condomínio mantinha a discussão dos adolescentes barulhentos e uma amiga distante curtiu uma lamentação minha de três meses atrás de questão resolvida.

Este foi um dos melhores sóis que tive nos últimos dias.

Não espere o fim do ano, é tempo demais!

Fico imaginando o que passa na cabeça de uma pessoa idosa quando se depara com um ente, amigo mais novo ou até mesmo da própria geração partindo.

Não deve ser fácil olhar para frente e pensar “mas ele estava sábado aqui, e agora, com quem vou falar” ou “quem vai compartilhar comigo das lembranças de um passado que só quem é do meu tempo viveu/” e “quem vai me visitar pra dizer nada, apenas para nos fazer companhia um ao outro?”…

Quando me deparo com essa situação fico pensando que não sei se quero durar tanto e ver tanta gente indo embora assim, antes de mim. Quero vida longa, mas todo mundo juntinho comigo. É pedir muito? É, eu sei.

Na minha inocente utopia, queria que todos ao meu redor vivessem muito, mas não sabemos e não temos controle disso. Deveria existir uma norma ou uma mudança de tempos em tempos na tal Carta Magna da Vida.

Mas isso não está nem nunca estará ao nosso alcance. Uma coisa eu sei e sempre digo, desde pequenina, vamos aproveitar enquanto está todo mundo vivo, vamos nos reunir, vamos fazer aquele Natal da nossa infância que mal cabia tanta gente na sala, todos juntos, ainda que vivamos numa eterna discussão boba de família o resto do ano.

Mas o Natal é tão longe que às vezes não dá tempo de chegar, então, famílias, pessoas, amigos, reúnam-se mais, façam mais Natais e amigos secretos de janeiro a dezembro, quantas vezes necessário for.

Quando a brincadeira é lavada a sério...

Amigo secreto de Natal: tempo de paz – só que não

Parentes e amigos estão reunidos para começar o amigo secreto do Natal. Ledinalva começa:

– Meu amigo secreto já teve um caso com o Eteobaldo antes de ele se casar com a minha cunhadinha Zulmira – Nalva olha para todos, fixando o olhar para alguns.

_ Que absurdo é esse, Ledinalva. Para de inventar história _ diz Eteobaldo, visivelmente tenso.

– Téeeeeeooooo, que babado é esse, menino, bem que eu já desconfiava. E aí, vai contar ou a gente tem que adivinhar? É homem ou mulher? Acho que sei quem é –fala Ludinália, bebinha da silva, olhando para Catrina, amiga de Ledinalva.

_ Pra deixar suspense, vou revelar quem é o meu amigo secreto só no fim da brincadeira. Quem fala agora? _ provoca Ledinalva.

– Ok, já que é assim, todo mundo só dá as dicas por enquanto e no fim todo mundo revela quem é quem, certo? _ sugere Genivalda.

_ Combinado. O meu amigo secreto fuma maconha todo dia antes de entrar na escola e a mãe dele acha que ele é um santo _ os meninos todos disfarçam a fala sem noção de Zulmira.

– Ô, mãe, pega leve com os meus amigos _ responde, totalmente sem graça, Eteobaldo Júnior.

– A minha amiga secreta adora cuidar da vida dos outros, mal sabe que o marido dela pega a minha professora toda vez que ela sai de casa _ revela Armandinho, um dos amigos de Júnior.

_ O filho da minha amiga secreta é gay e o pai dele é o maior homofóbico de todos _ atiça o esposo de Zulmira.

– O meu amigo secreto é um filho da puta que vai levar uma coronhada se não parar de falar merda _ esbraveja Zeferino, pai de Armandinho.

Ledinalva tenta apaziguar a situação:

– Opa, opa, vamos acalmar os ânimos porque é Natal e a nossa família é um exemplo de paz e harmonia. Oremos um pai nosso e depois a gente volta com a nossa brincadeira. Eu começo e vocês continuam. Pai nosso que estais no céu…perdoais as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos têm ofendido…

_ E não nos deixei cair em tentação, mas livrai-nos do mal, amém _ todos, numa só voz.

_ Vamos continuar? Genivalda, você agora _ retoma Nalva.

_ O meu amigo secreto é um anjo, um santo …do pau oco _ Genivalda não se contem, em sua vez de falar.

_ Nossa, mas nem com reza a paz reina aqui hein, senhor! Vamos lá, Marinalva, fale sobre o seu amigo _ orienta Ledinalva.

_ O meu amigo secreto esqueceu que eu emprestei cinco pila pra ele pagar os caras da boca e nunca mais me devolveu _ desabafa Marinalva, ao passo que se ouve pigarros de Cremildo.

– Eu guardo um segredo macabro da minha amiga secreta e estou pensando seriamente em revelar hoje _ insinua o pigarrento nervoso.

_ Ah, que saber, já chega dessa palhaçada toda, vai cada um pra sua casa e acabou essa besteira de amigo secreto dosinferno _ ordena Marinalva, a dona da casa.

_ Mas, Marinalva, é Natal, e nós estamos em família, viemos comemorar _ relembra a parenta, enquanto a anfitriã pega uma espingarda e fala:

– Se o amigo secreto de todo mundo não sair daqui em trinta segundos, teremos um Natal inesquecível…3…2…1 e atira para cima.

Cada um pega apressadamente o que levou de ceia, sem sequer ao menos ver a tão esperada presença do bom velhinho.

Feliz Natal.

Queda cupida

Sofia e Antenor eram um casal apaixonado. Ele, violinista, spalla de uma famosa orquestra sinfônica e músico de cerimoniais e ela, professora de inglês de uma rede de franquia. Viviam um conto de amor.

Mas os gostos de ambos nem sempre batiam. Antenor não gostava muito de sair. Volta e meia tinha um ensaio ou um concerto para se apresentar em algum teatro, o que já tomava parte do seu tempo. A namorada ia junto, a contragosto, já que não aguentava mais ouvir Beethoven, Bach. Mozart, Verdi e outros dessa linha. O que ela gostava mesmo era de um bom pagode e um churrasco com os amigos, aliás, tinha o samba no pé.

Só que os pés da menina sequer pulavam para o quintal de casa desde que começou a namorar com Antenor. Às vezes ela parava para perguntar o motivo de estar com o rapaz se as diferenças eram enormes – talvez o sexo seria a motivação maior, sintonia e sinfonia perfeitas.

As saídas da professora se limitavam à casa do namorado e às apresentações do amado. Essa vidinha sem graça de ouvir música clássica e erudita já não mais a agradava, aliás, nos últimos encontros musicais a moça dava um jeitinho de levar às escondidas um fone de ouvido para escutar seus sambinhas preferidos enquanto a plateia se deleitava de prazer com toda aquela barulhada suavemente sincronizada.

Sofia passou a procurar algo realmente interessante para fazer. Seu desejo latente sempre foi ser passista de escola de samba, mas isso seria demais para o mocinho ciumento, que mal a deixava sair com as amigas para um arrasta-pé ao som de tamborim, pandeiro, reco-reco, cavaquinho, uma boa caipirinha e muitas risadas.

Mas ela precisava dar um sacode na vida, um chega pra lá no tédio, fazer alguma coisa, se sentir livre, leve e solta, como se estivesse em um desfile de escola campeã.

Resolveu, então, fazer algo para se exercitar. Comprou um par de patins e fez uma surpresa para o namorado, dando a ele um modelo igualzinho ao seu. Só o que a jovem jamais esperava era a reação do bonitinho.

_ Você não sabe que eu sou artista, o principal da orquestra e que não posso me machucar? _ esbravejou o “astro-mor” das cordas.

Com receio de se acidentar, Antenor jamais praticava esportes, tampouco os que poderia causar algum dano em seu braço, punho, mão ou dedos, suas maiores e mais valiosas bases de trabalho. O medo era tamanho que o músico fez uma apólice de seguro desses membros para garantir que nenhum mal o aconteceria em caso de algum incidente qualquer mas, na dúvida, preferia evitar qualquer risco, motivo pelo qual se excedeu ao receber o mimo.

Passada a decepção da mulher, que entendeu a preocupação do rapaz, só não a rispidez ante a surpresa do regalo, decidiu curtir sozinha o brinquedinho e pegou de volta o presente dado ao belezura.

Os fins de tarde passaram a ter um ar diferente na vida da moça, que ganhou gosto pela patinação e já arriscava algumas manobras diferentes. Ela estava tão alto-astral que até os desagradáveis concertos do namorado tornaram-se mais amenos aos seus ouvidos.

Só quem não parecia se agradar muito era Antenor, que se incomodava ao ver a empolgação da namorada em sua atividade esportiva e saber das novas amizades da moça. Passou a controlar a amada com um aplicativo que mostrava seu percurso e tempo de atividade e movimento. Sim, ela tinha que mostrar para ele seu desempenho esportivo.

Para tentar impedir suas saídas diárias, o musicista teve a ideia de esconder o capacete da querida, item necessário de proteção no quesito segurança a quem anda sobre rodinhas.

Ocorre que o entusiasmo de Sofia era tamanho que mesmo sabida de o quanto poderia se prejudicar sem o tal equipamento resolveu sair para treinar um pouco.

Tudo caminhava e caminharia perfeitamente bem, não fosse o asfalto rachado de material de quinta categoria da empreiteira que venceu a licitação do recapeamento do parque que a bela curtia seu brinquedo preferido. Maldito prefeito, que se fez de cego, surdo e mudo nessa empreitada de qualidade duvidosa. Enfim, parafraseando o sábio Nelson Rodrigues, Sofia beijou o asfalto. Sim, desequilibrou-se com os seus patins naquele mar de propina….

Sem sequer conseguir sair do lugar, e zonzinha da Silva, a moça se deu conta de que não poderia ter saído de casa sem o tal protetor, mas como diria Luís de Camões em “Os Lusíadas”, já era, fia, “agora Inês é morta”, caiu, levanta e vai atrás do prejuízo.

Com muita dificuldade e corpo dolorento, Sofia entrou em um pronto atendimento médico e somente depois de quase duas horas foi atendida por um rapaz ruivo, de sardinhas no rosto, olhar sério e fala ríspida.

_ Olá, mocinha! Já sei o que aconteceu. Que bonito, hein! Você acha que pode pegar um par de patins, sair por aí feito uma doida, de qualquer jeito, sem capacete e se esborrachar toda? Tá achando que a sua cabeça é coco? Não é, não. E olha quanta gente aqui pra eu atender. Da próxima vez, se for pra esquecer o juízo, nem sai de casa.

_Olha aqui, senhor enfermeiro, eu não vim até essa espelunca para ouvir sermão de ninguém. Tudo está doendo muito, não consigo mexer a mão, mas quer saber de uma coisa, vou embora daqui.

_ Quietinha que você já aprontou muito por hoje, não acha? Fica aqui, sentadinha, vou fazer um raio X mas já deu pra ver que também torceu o pulso. Acha que vai resolver isso onde, na padaria, no açougue? Para de reclamar que eu já te atendo.

Ela já não sabia se ficava ou esperava, mas a dor era tão grande que resolveu ficar por lá.

Trinta minutos depois, o mesmo profissional atendeu a moça, que teve que imobilizar o antebraço.

_ Por sorte não foi nada grave. Só mesmo o pulso. Quinze dias de molho, sem sequer olhar para o patins, fui claro? _ ordenou o ruivo.

Com os nervos mais amenos, os dois conversaram por alguns minutinhos e descobriram que eram amigos de infância. A empatia passou a reinar no recinto e os dois até trocaram contatos, segundo o moço das sardinhas, para saber sobre a evolução da recuperação.

Assim que foi liberada no pronto-atendimento, Sofia seguiu para a casa do namorado, que não conteve a cara de felicidade ao ver a amada impossibilitada de andar por aí livre, leve e soltinha sobre suas rodinhas.

O tédio da moça aumentava a cada dia. Lembrou-se do enfermeiro estressado e passou a conversar com ele vez em quando em mensagem de celular.

Os tão esperados quinze dias se passaram e Sofia foi retirar o gesso do braço. Eis que o não mais bravo rapaz foi quem a atendeu novamente. Papo vai, papo vem, não é que a recém-patinadora convenceu o cara a dar uma voltinha de patins? Emprestaria a ele o presente que seria do namorado, que continha todos kit de proteção, e disse que ensinaria os primeiros passos, ao passo que ele topou o desafio.

Aula vai, aula vem, os dois passaram a se conectar cada vez mais, até que, enfim, findou o namoro morno da jovem com a estrela das notas musicais.

A nova dupla de patinadores passou a curtir cada vez mais as aventuras do esporte e, após descer uma ladeira daquelas de dar um friozinho na barriga de qualquer veterano, o ruivo ajoelhou-se de frente para a bela, tirou do bolso uma caixinha contendo um anel de noivado e declarou seu amor, pedindo a namorada em casamento, que sem titubear aceitou na hora.

No dia do casório, tudo pronto, capela arranjada com flores do campo, as preferidas de Sofia, e um presente surpresa do noivo, uma entrada triunfal, ao som do samba predileto da noiva, tocado por um renomado musicista, contratado pela cerimonialista do evento.

Sem saber quem era aquela mulher toda branco, véu e grinalda, com ar de pessoa livre, leve e solta, seguindo em passos lentos em direção ao futuro esposo, estava Antenor, tocando, a contragosto, uma música bastante diferente das de seu costume e preferência.

Assim que a música parou, o violinista se deu conta de quem se tratava naquele altar. Visivelmente atordoado, pegou seu violino e saiu, afoito, rumo a qualquer outro lugar que não fosse aquele ambiente alegre. Ao descer a escadaria, tropeçou e caiu sobre um dos braços, o que lhe resultou em uma licença de seis meses de trabalho.

Lembra do seguro do rapaz? Pois bem, vencera três dias antes do incidente e o pobrezinho esqueceu de renovar. O capacete da ex? Queimou e jogou as cinzas no rio.

(Imagem: Freepik)

Quatro dias de sexo no acordo pré-nupcial? Não é muita coisa não, Jennifer?

Eteomilda faz de tudo para chamar a atenção do marido. Doze anos de casados, já viu, nem sempre o cara está de prontidão pra saciar os desejos da esposa. E quando isso acontece, é a vez de ela não estar muito afim, pinta uma dor de cabeça, um sono, entra naqueles dias e assim vai a vida conjugal dos dois, rumo ao décimo terceiro ano de enlace, regada a reality shows, filmes, conversas nos grupos de celular, muito trabalho, crianças para cuidar e o cachorro a tiracolo.

Quando se casaram, num sábado junino frio, numa cidadezinha do interior, fizeram juras de amor, daquelas que todo mundo faz pra seguir a tradição. Nesse pacote de juramento, prometeram fidelidade, cumplicidade e união, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza etc. Naquela época era isso que se prometia, com dedos cruzados ou não, mas enfim, a promessa era feita. Se cumpriram à risca? Não se sabe e é melhor deixar para lá, porque a pauta aqui é outra, senão a demanda em questão vai por água abaixo e a torcida aqui é pela felicidade da Eteô.

De dozes anos pra cá as coisas mudaram um pouco. Os juramentos selados nos enlaces agora são outros. Há quem exija em contrato quatro dias de sexo na semana. Ah, se Eteomilda tivesse tido essa ideia antes, não é mesmo? Mas é melhor deixar o passado de lado, até porque tem dias que ela não quer nem ver a cara do cara e vice-versa.

Pois bem, deixemos os dois de molho, tal qual tem sido a vidinha de ambos, para falar de uma dupla famosa e milionária, bem distante dessa realidade humilde e pacata, que resolveu incluir no acordo pré-nupcial essa exigência íntima um tanto quanto inusitada.

Sim, o assunto em destaque é o casamento de duas pessoas mundialmente conhecidas. Ela, uma linda cantora, e ele, ator estupendo. Será que vão dar conta desse pacto? Alguém avisou a essa noiva da existência da menô (pausa para muita coisa) e que essa insiste bagunçar um pouquinho o coreto? Quatro dias da semana? Não sei, não. E o artista milionário, será que está ciente que nem sempre as coisas caminharão a mil maravilhas, que às vezes um simples friozinho a mais coloca tudo a perder e bau-bau cumprimento de artigo X, inciso Y?

Precisava registrar em cartório? Ao que consta, a proposta surgiu da esbelta e charmosa mulher, numa súbita necessidade de garantir dias de glória ao lado do amado na mansão comprada pelos dois pela bagatela de cinquenta milhões de dólares.

O que não se sabe é a validade desse documento fogoso. Fico só imaginando a cobrança de um dos dois já no terceiro dia da semana e nada de sexo, sim, isso é normal gente, e acontece nas melhores famílias. No quarto dia, terão de cumprir com o que consta no documento nos próximos, em datas ininterruptas. E as dúvidas fluem um pouco mais: como será a agenda desse casal?  E as viagens de negócios, gravações, enfim, será que o acordo inclui experimentos virtuais do casal? Se sim, ok, tá tudo certo.

Tá, mas e a Eteomilda que não fez nenhum trato com o marido, está louquinha para fazer jus a pelo menos um diazinho no mês e nada de Eteobaldo comparecer, qual seria a solução para essa mulher, gente? Não faço ideia, se fizesse, aplicaria para mim.

E você, se pudesse reaver seu contrato nupcial ou fazer um agora, qual seria a cláusula que não poderia faltar de jeito nenhum? Eu faria um ajuste automático de revisão a cada cinco anos. Quatro. Não, três. Vai, um ano. Ou melhor, não casaria.